terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um dia li um livro assim...

As Aventuras de João Sem Medo, José Gomes Ferreira

       Um regresso à infancia, uma aventura por mundos povoados de seres surreais, uma autêntica Odisseia em busca de um mundo melhor...
       Pela mão de João Sem Medo entramos nestes mundos e com ele rimos, pulamos e percebemos nas palavras das personagens os nossos sentimentos, as nossas angústias, as pequenas repetições do dia-a-dia e do mundo de hoje. Sim, porque às vezes tocamos o mesmo disco vezes sem conta (Se lerem vão perceber).
       Agarrem bem a mão de João Sem Medo, aqui vamos nós tomar balanço para o início da história.

O homem sem cabeça
      "Era uma vez um rapaz chamado João que vivia em Chora-Que-Logo-Bebes, exígua aldeia aninhada perto do Muro construído em redor da Floresta Branca, onde os homens, perdidos dos enigmas da infância, haviam estalado uma espécie de Parque de Reserva de Entes Fantásticos.
Apesar de ficar a pouca distância da povoação, ninguém se atrevia a devassar a floresta. Não só por se encontrar protegida pela altura do Muro, mas principalmente porque os choraquelogobebenses – infelizes chorincas que se lastimavam de manhã até à noite – mal tinham força para arrastar o bolor negro das sombras, quanto mais para se aventurarem a combater bichas de sete bocas, gigantes de cinco braços ou dragões de duas goelas. Preferiam choramingar, os maricas! "


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pensamento do dia


"Os homens compram tudo pronto nas lojas... Mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigos."
                                                                                                                              Antoine de Saint-Exupèry

Momento de Poesia

Já há muito que este momento não aparecia neste blogue. Ao repassar as mãos no livro Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas de Bertold Bretch,  li novamente este poema e refeti sobre o sentido da bondade, da liberdade e da razão. Bretch dá-nos algumas respostas que ficam abertas ao pensamento de cada um e quem sabe à fala de cada um.

De que Serve a Bondade

1
De que serve a bondade
Quando os bondosos são logo abatidos, ou são abatidos
Aqueles para quem foram bondosos?

De que serve a liberdade
Quando os livres têm que viver entre os não-livres?

De que serve a razão
Quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?

2
Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor;
A faça supérflua!

Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
Por criar uma situação que a todos liberte
E também o amor da liberdade
Faça supérfluo!

Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
Um mau negócio!