segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Carta Aberta para Miguel

(O Miguel pediu-me para o ouvir e responder-lhe numa carta aberta. Esta é a minha carta para ele.)
Meu querido e muito estimado amigo Miguelito:
      A maioria das palavras são mágicas. Sabes bem o quanto me fascinam desde criança. Gostava que esta carta fosse mágica. Hoje as palavras esconderam-se de mim, mas vou procurá-las. Às vezes, elas gostam de jogar às escondidas tal como jogávamos. Naquele tempo o futuro era o dia seguinte, as histórias e brincadeiras que inventávamos.
      Miguelito, as palavras que me contaste lembraram-me de muitas coisas. Lembraram-me de outras palavras inaudíveis. Há palavras que deviam permanecer fechadas numa caixa qualquer, longe do ouvido.
     As palavras que me contaste destroem a lógica do contacto humano. Perdes a noção da linguagem e de ti. Tens de reaprender a ouvir. Mais importante ainda, tens de reaprender a ouvir-te. O que se passa é isto: primeiro, ouves o ruído. A seguir, os sons. Depois dos sons, a frase. Após a frase, começas a ouvir a palavra. Quando te descentrares da palavra, conseguirás ouvir o silêncio. E, nesse silêncio, ouvirás o bater do teu coração, onde não há palavras. Dentro desse teu pequeno espaço de ser, sentirás o pulsar da vida e escutarás, com atenção desmesurada, a tua voz. Vais reparar que a tua voz não tem palavras. Ouve-a.
      Verás o mundo como nunca viste. Olharás para o céu e verás o universo. E, quando vires um sorriso, ocasionalmente, verás a humanidade. Essa é a minha busca: a HUMANIDADE, não tem de ser a tua. (Aqui tens a resposta para a tua pergunta.)
       Despeço-me de ti com duas músicas adequadas ao momento: A Sad Shade of Blue de Geater Davis e Girl With One Eye de Florence and the Machine. 

2 comentários:

  1. Ju, poucas pessoas poderão dizer que se divertiram tanto como nós na infância. Ainda guardo na memória as aventuras que vivemos. Acho que se não estivesses lá não faria sentido. És e serás sempre daquelas pessoas que não conseguimos esquecer e que não qeremos que saiam da nossa vida.
    O nosso reencontro foi bom, apesar das circunstâncias. Ver-te foi voltar atrás no tempo e rir das asneiras que fizemos.
    A tua carta é verdade. E tu és humanidade.
    Obrigada pelas tuas palavras e pelas músicas bem escolhidas.

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  2. Miguelito, (Vais ser sempre o Miguelito, Já reparaste?)também nunca me esquecerei das nossas aventuras! E que grandes aventuras!
    E os meus primeiros passos foram na tua casa, com os teus pais. Lembras-te? Ainda tenho o quadro que a tua mãe usou para me convencer a andar.
    Quanto à parte da Humanidade ainda estou a aperfeiçoar-me mas acabarei por lá chegar. É um caminho longo.

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