quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Um Dia Vi Um Filme Assim…

      De seu nome Líbano, este primeiro filme de Samuel Maoz, retrata a guerra e as suas vivências da forma mais real e crua possível, tendo sido já descrito como «graficamente violento» pelo jornal New York Times (Atenção aos mais sensíveis!). Não estamos face a um filme de guerra mas a um filme sobre a guerra e a condição humana.
    Tudo se passa no Líbano, em 1982, na primeira guerra do Líbano. Dentro de um tanque estão quatro jovens israelitas (e, a certa altura, o corpo de um jovem). Viveremos com uma intensidade claustrofóbica as dificuldades de estar dentro de um tanque e de ver praticamente tudo a partir dele. (Desde o início, perdemos a noção de que estamos perante actores ou a ver um filme.) Olharemos dentro dos olhos destes soldados como se estivessem à nossa frente.
      O final é simplesmente surpreendente e de tirar o fôlego. O espectador sente que também é libertado de dentro do tanque.
      De recordar que o próprio realizador, Samuel Maoz, é veterano desta guerra, e este filme é baseado naquilo que viveu. A personagem de Shmulik, nome hebraico para Samuel, retrata o realizador neste período de guerra. Portanto, ninguém melhor para realizar e escrever este filme que, segundo Maoz, é sinónimo de libertação dos seus próprios fantasmas.
      Trailer do filme aqui: Líbano.

1 comentário:

  1. Mais do que parecer que estão os soldados à nossa frente, parece que estamos nós dentro deles, tendo como única função a de atirar contra os inimigos... Só que os inimigos não são NOSSOS inimigos, nunca nos magoaram nem poderiam tê-lo feito porque são apenas pessoas desconhecidas e crianças indefesas. É por isso que a personagem sente aquela alienação, aquele sentido de que não pertence àquele lugar, como se tivesse acordado de um sonho e ainda não soubesse onde se encontrava.
    Penso que, em vez de darmos jogos de vídeo de guerra às nossas crianças, em que se ganham pontos por matar vidas aleatoriamente, deveríamos mostrar-lhes filmes como este ou outros com uma mensagem semelhante. Aquele filme animado "Como treinares o teu dragão", por exemplo, poderia ser um ponto de partida, uma vez que nos ensina a conhecer o outro, o monstro, em vez de o matar sem motivos.
    A divisão interior desta personagem é vibrante: escolher entre matar ou morrer e deixar os seus colegas morrerem é algo que me assusta verdadeiramente. Os nossos instintos da natureza ensinam-nos a preservar a nossa vida a qualquer custo, mas isso poderá fazer perder a humanidade que há em nós, aquela humanidade que é, no fundo, algo que nos define e algo por que lutamos, certo, Ju?

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