sábado, 14 de agosto de 2010

Momento de Poesia

o tempo, subitamente solto

o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.
                                                                         José Luís Peixoto


                    

2 comentários:

  1. Ah... Amar sem conhecer... Será, talvez, amar um ideal, um arquétipo de perfeição, obviamente impossível ou inatingível... Ou, então, é ver a perfeição naquilo que se ama depois de o conhecer, é perceber que se procurava algo apenas depois de o encontrar, é chegar ao que se almejava embora se desconhecesse que tínhamos algum desejo... Ou será senónimo do que os gregos denominavam de amor, de "eros": duas metades do mesmo ser, obrigadas a separarem-se e destinadas a procurarem-se durante o resto das suas vidas, para serem uma unidade novamente, para serem inteiras, para serem plenas!

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  2. Continua JU. Estou a gostar de te ler!
    Ni.

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